Deitei-me às nove da manhã, não estive em nenhuma discoteca, nem bebi nada com alcool, nem fui a nenhuma festa . Passei a noite a ver procissões, vivi a minha primeira Santa Madrugada. O sono é a minha fragilidade, quando era mais pequena atirava-me para o chão e dormia, porque tenho a vantagem de conseguir dormir em qualquer lado tipo pedra. Como já sou um bocado grande para essas figuras e nem um penitente me arrastaria até casa nesta semana santa, aguentei-me. Vesti quatro camisolas umas em cima das outras, collants e calças e lá fui eu. Estava prevenida para o frio e para a sede e tomei bastantes cafés para evitar o persistente sono, o que não esperava eram os terríveis cheiros. O sono parece que me aumentou o olfacto. O ácido do ketchup nos hamburguers, os fritos devorados: churros, salsichas e afins queimavam o ar. Os quartos de banho utilizados centenas de vezes mais do que deviam, sem uma única lavagem traziam-me a memória de queima das fitas e concertos de rock. O hálito de alcool e cigarros das pessoas que teimam em falar aos gritos e todas muito juntas umas das outras era insuportável, o suor dos carregadores e o perfume barato e laca do cabelo das mulheres mais velhas era doloroso. Também uma senhora que devia ser contratada pela polícia de choque por contaminação traseira forte estava presente e ainda se atrevia a comentar, que alguém estaria muito mal e que era um nojo. Mas o pior mesmo era o intenso cheiro a incenso por toda a cidade misturado com azahar que me deram uma náusea e me deixaram amarela ao ponto de fotografar as Virgens e os Cristos de nariz tapado sob o olhar reprovador das hermandades... Creio que paguei também as minhas penas, no mínimo as olfactivas...
sexta-feira, 21 de março de 2008
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