sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sorte


A sorte que temos e não sabemos, como diz uma grande amiga minha é uma coisa impressionante. Faz hoje uma semana que começou o festival de flamenco e em boa verdade tenho um ritmo de trabalho físico e intelectual absolutamente vertiginoso, talvez por isso não consiga saborear verdadeiramente o que estou a viver, porque estou numa espécie de anestesia...Tenho sono, tenho as pernas rebentadas e ontem tive uma caimbra no meio da rua que só me apetecia chorar. Há cerca de meia hora atrás tive um ataque de lucidez, estava a descer as escadas do teatro Villamarta depois de entrevistar a Mercedez Ruiz, que fez para as alunas uma Guajira com leque fabulosa, e encontrei Santiago Lara a tocar guitarra. Uns degraus depois e vi a Rocío Molina de fato treino a ensaiar com manton, sorriu-me e piscou-me o olho. Esta manhã conheci a Matilde Coral, (sim o mito!!!) fiquei fechada com ela numa sala a falar e ela chorou emocionada a falar de uma aluna sua, mostrou-me a sua cicatriz no joelho e contou-me que gostava da zambra da Marina Heredia, entre outras coisas. Vi o Manolete a dançar por farruca e falei com o Mario Maya. O Javier Latorre deu-me um abraço esta manhã e a Angelita Gomez chama-me preciosa. Não posso pedir muito mais coisas... Bem, podia aparecer o Antonio Carmona e eu atirava-me aos pés dele e cantávamos todas as canções dos Ketama...Tenho de ir, mais sorridente!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Andaluzia!


Hoje é dia da Andaluzia!
Aqui vos deixo a bandeira e o hino:

La bandera blanca y verde,vuelve tras siglos de guerra.
A decir Paz y Esperanza,bajo el sol de nuestra tierra.
¡Andaluces, levantáos!¡Pedid tierra y libertad!Sea por Andalucia libre,España y la Humanidad.Los andaluces queremosvolver a ser lo que fuimos.
Hombres de luz que a los hombres,Alma de hombres les dimos.
¡Andaluces, levantáos!¡Pedid tierra y libertad!Sea por Andalucia libre,España y la Humanidad.
Espanha não tem hino com letra, mas a Andaluzia sim....
PS: Hoje deram-me um saco de gomas do PP acho que vou vomitar... Sou louca por gomas, mas recusei-me a comê-las!!!
PS2: Faz hoje um ano que estávamos na Thypica "Uno, dos, trés, cuatro ...Oye nena que buena qué estás! " Lembram-se? (AHAHAHAHAHA)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Capullo strikes again...

Hoje, o meu vizinho favorito foi à conferência de imprensa onde eu estava sentada na primeira fila, fiquei em estado de choque quando ele começou a falar percebi que ele não tem dentes da frente em cima e poucos em baixo... Imaginem como soa um andalú sem dentes...Não imaginava que os assessores de imagem abundassem na Andaluzia, (ainda que elas sejam todas arranjadas) , mas não me pareceu nada normal que um cantaor famoso que faz digressões por todo o lado não arranje os dentes... Não há nada mais nojento do que ter dentes podres ou não ter dentes... Ele já é por si giro, mas sem dentes fica ainda melhor... Depois de dizer estas duas frases maravilhosas: "eu sou como sou, sou o capullo de Jerez , canto o que mandarem e acabou" deu-se ao luxo de cortar a jornalista que apresentava a conferência cantando o tango "alialió , alialió", levantar-se da mesa e sair... Eu sai também, não fosse ele falar comigo...

Talibans flamencos


Outro dia no "La Moderna", o café mais giro de Jerez que conta com os empregados mais loucos do Mundo que cantam por buleria a todas as horas fez uma afirmação muito acertada "aqui em Jerez, somos uma espécie de talibans do flamenco, quando alguém vem de fora tem sempre algum defeito, não nos basta que dance ou não bem"... Nestas andanças do festival cheguei à conclusão que a linguagem da dança é universal até na inveja. Os bailarinos e bailaores falam todos mal uns dos outros, mas têm sempre apreciações absolutamente subjectivas ou porque não é cigano, ou porque é, ou porque é clássico, ou porque não tem técnica, ou porque é feio, ou porque é demasiado bonito. Claro que quem chega a um certo nível está-se borrifando para o que digam, como é o caso de Manolete. Com uns sapatos da rua a dar aula de farruca dava cada pirueta em salto que metia qualquer clássico num bolso e logo tinha sapateados mais limpos e mais fortes que os alunos todos juntos... Fabuloso!!! Entretanto aconselho a que vejam a web do Javier Latorre www.latorredanza.org e aviso que há um festival vanguardista flamenco com performances de linguagens várias ao ar livre para o qual estou a fazer contactos para 2009... Vocês sabem que eu gosto do ar livre meninas de Goya !!!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A portuguesa!!


Atenção esquadrilha lusa, conheci a primeira portuguesa!!!! Já não somos as únicas... Ela chama-se Isabel e vive em França, assim que como ela mesma diz "já é só meia portuguesa", a família era de Viseu e actualmente estão todos em León. Já dança flamenco há dois anos, mas em Jerez só faz cursos de principiante. A rapariga sensata está a fazer cursos de buleria.
Quanto a mim comecei a fazer o meu curso de tiento com uma série de húngaras e francesas, eu até me considero alta para a média ibérica, mas hoje no curso ao ver-me no espelho senti-me um bocado raquítica ao lado das minhas companheiras Stéphanie, Georgina, Natalie e afins... Devem ter todas quase 1,80 metro e nenhuma terá menos de 70 kilos... A coreografia tem uns chaflans maravilhosos que quase me deixaram sem os dentes da frente, em busca da perfeição... Amanhã vou ver o curso do Manolete por farruca...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Comédia na Compañia !

Todos os artistas têm dias menos felizes, mas há alguns que são tão maus que se tornam cómicos...Lola Greco estreou ontem na Sala Compañia o espectáculo "Deloperaflamenco" e trouxe para dançar a sua irmã mais velha_ Carmela Greco. Os bailarinos e bailaores deveriam ser conscientes da idade a que se deviam retirar, claro que em flamenco quando falamos de um fenómeno como Angelita Gómez, ela até aos 80 ainda tem muito para dar, mas isso não se dá no caso de Carmela... Lola Greco dançou uma goyesca com castanholas, la Traviatta em clássico e um pas de deux que salvou o espectáculo com Francisco Velasco um bailarino que se vê da escola clássica, mas com uma figura espectacular. Para começar Carmela e a irmã não têm pescoço ficado sempre com a cabeça tipo grão de bico a dançar... Carmela Greco e o cantaor com o nome Tony Maya (AHAHAHAHAHA) foram os melhores, parecia que estava a assistir aos Trocadero mas em versão flamenco. Ela entrou com um leque gigante e fazia acrobacias tipo Marco Paulo, deixou cair o leque 4 vezes e o cantaor apanhava-o, estando neste número o público da primeira fila em pânico. Pior... começou a gotejar no palco... Abafei as gargalhadas com o casaco. O melhor estava por vir quando ela resolveu dançar por buleria e por alegria e enrolava as mãos tipo Saturday Night Fever rematando com pôr a cabeça para a frente e para trás como quem sai da água do mar... Quando fazia as escobillas punha a língua de fora e parecia que estava a gozar... Chorei de riso... Mas Tony fez três fabulosas : o guitarrista sentou-se na cadeira dele e ele empurrou-o, (sim, em palco!), disse ao técnico de luz que não via e fez-lhe dois oks com os braços abertos (sim, em palco!) e dançou por buleria sozinho e gritava TÁ, TÁ, TÁ, TRIM TROM, TRIM TROM YA ESTÁ!!! (AHAHAHAHAHAHAH) . Pior ele fez algumas letras como esta " La Farruca de Galicia está llorando/ se ha muerto su Farruco el que le tocaba la gaita/ Eres una mujer egoista solo quieres mi amor/ me siento como un junco bajo el água" ...Também teve a habilidade de cantar letras conhecidas e metê-las noutro cante do tipo "La simoncita tiene un simón..." por tango... Enfim, o mais bonito é que eram maus mas eram inocentes, a comédia não era propositada como a fez Pastora Galván , por isso adorei este espectáculo que me fez chorar muito, mas de riso...

PS: O suplemento d Festival dos jornais não sai na net, por isso não vos posso mostrar todos os trabalhos, prometo que os levo para verem...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Viva Jerez!

Se Jerez estivesse todo o ano como ontem vivia aqui o resto da vida... Começou o festival e a cidade recebeu 20 mil pessoas de todo o Mundo para estudar flamenco... Para vê-lo e vivê-lo na própria pele...
Para começar, ontem, na conferência de imprensa conheci a Silvia Calado, do flamenco world e acabo a falar com ela sobre Lino de Mingo!!!! Conheci entre outros a delegada da Cultura, a reitora da Universidade Internacional da Andalucia e outra série de personalidades que me convidaram todas a tomar um oloroso, tenho de inventar uma desculpa porque eu como não bebo sai do Conselho Regulador já com a cabeça a andar à roda. À noite fui ao Villamarta ver !Viva Jerez! Há muitas cenas do espectáculo que parecem roubadas cenograficamente de "Flamenco" de Carlos Saura, o vestuário feito por gente da ópera era fabuloso.... (a ver se logo consigo pôr aqui umas fotos para vocês verem) ... A Maria del Mar dançou por siguriya, zambra e buleria. A siguirya foi muito bonita, mas usual estando apenas ela vestida de negro e Antonio Malena no cenário, a zambra foi linda com piano e na buleria com 20 pessoas ela cantou e dançou tipo Lola Flores, fabulosa !!! À Mercedes Ruiz sobra-lhe técnica e teve a sorte de ter bailes alegres : cantiñas, alegrias, farrucas e buleria que provocam o aplauso fácil dada a animosidade. Angelita Gómez é uma formiga atómica com quase 70 anos por buleria mete-as a todas num bolso. O grande fracasso da noite (apenas para mim, porque o teatro adorou) foi Fernando Terremoto, eu detesto a voz dele e tem um timbre que parece que ressoa dentro da minha cabeça e me deixa capaz de vomitar, para piorar cantou uma martinete (para mim o cante dos desgraçadinhos ), entre muitas outras coisas, de cerca de dez minutos ele dava um quejío e eu tapava os ouvidos.... Acho que de uma vez por todas é necessário entender que às vezes o talento não é hereditário o pai cantava bem, mas isso não significa que o filho também... O melho cantaor foi Mateo Soleá, Antonio Malena também esteve muito bem adorei ouvi-lo ontem... O prémio presença para mim vai para Luis de la Tota e Andrés el Pescaílla por tanguillos foram espectaculares, acho que os contrato para a nossa próxima produção... Os Santis quer o Moreno, quer o Lara tocaram muito bem... Vou continuar a labuta, logo conto mais...
PS: Encontrei o Manfredi, vai fazer o curso de tiento comigo!
PS2: Vou agora entrevistar o Fernando de la Morena, por fim vou conhecê-lo :)))

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Contra as japonesas, algumas (simpáticas!)

Amanhã começa o Festival de flamenco... A cidade começa a encher-se de estrangeiros vestidos de bailaores munidos do mapita de Jerez e de ilusões. Fiquei comovida tenho saudades vossas, porque viver as coisas sem ter com quem as partilhar é diferente... Amanhã faz um ano que chegamos com o rabo quadrado e cheias de vontade para fazer o curso de buleria de Jerez (esse maldito compás que me dá cabo dos nervos). Hoje estive a falar com o Javier Latorre e com o Paco Cepero (que vida tão dura!)...
Quando cheguei à Academia estava pejada de japonesas, uma delas toda "pro" e a quem eu quis impressionar fazendo quase a ponte para trás, nas voltas quebradas. Ela disse-me em tom negativo "danças como as antigas, agora a tendência é quebrar para a frente e não para trás", acrescentando "pareces a Carmen Amaya"... Fiquei sem saber se lhe dar um beijo, eu adoro a Carmen Amaya!!! Mas para ela não se armar em parvalhona dei-lhe uma abada na "escobilla" de cantiña, isto até me sair um sapato porque hoje esqueci-me dos meus e tive de pôr uns emprestados dois números acima... Lembrei-me de duas situações, sintomáticas de que sinto a falta das minhas amigas, uma em Sevilha "Loli" quando aquela bruxa disse que eu parecia uma sevilhana antiga e outra com a "Bubba" em Madrid quando fiquei sem a sapatilha...
PS: Tenho uma dor de costas que nem me mexo...


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A janela indiscreta

Estava aqui a aprender uma letra de soleá que tenho de cantar amanhã. Isto porque na academia não basta dançar perfeitamente também tenho de cantar... Quando de repente comecei a ouvir alguém a cantar uma buleria aos gritos, aproximei-me da janela da cozinha e deixei-me estar atrás das cortinas, são dez e meia da manhã e o meu querido vizinho Capullo de Jerez está a cantar aos gritos para outro vizinho que é o Salvador que está aos saltos tipo Farruquito a dançar para ele... Apesar de tudo acho que prefiro esta loucura à da vizinha de cima que termina todas as frases em "loco" e que quer que eu vá "jogar ténis com ela", para sermos "super amigas porque temos a mesma idade e eu sou gira e ela loira", não sei se será um fosso cultural ou se ela não bate bem da cabeça... Acho que os meus vizinhos estão todos meios pirados mas enfim...sigo com a soleá "Y sufro y sufro callando y no publico mis penas..."

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Coisas soltas Portugal Espanha


Ontem vi um anúncio da Burger King que me irritou muito... Uns portugueses fazem um túnel para vir a Espanha comer um hamburguer "extreme alioli" e quando chegam à superfície, ainda estão em Portugal e têm uns tipos vestidos de Dom quixote e afins para se rirem deles, porque ainda fizeram o buraco antes da fronteira e não podiam comer hamburguers desta qualidade que só existem em Espanha... Um caldo verde e uma alheira naquelas cabeças era o que eles precisavam! Algum dia um português com a boa comida que temos se ia torcer por uma fusão entre a comida americana e a espanhola?
Acabo de ver uma imagem de Figo na televisão a marcar um golo e a dizer aos gritos "GOOLO CAR****" , os espanhoís adoram-no e ele como bom português fala qualquer língua, mas quando toca a asneiras tem de as dizer em português ...

Calé a língua dos ciganos



A Universidade de Cádiz (cujo um dos polos é em frente à minha casa) tem publicado o dicionário mais completo da língua cigana : Calé. Em Jerez é normal que as pessoas introduzam palavras de calé quando comunicam entre elas misturando-as agradavelmente com o castelhano. Deixo-vos aqui algumas palavras ciganas que aprendi e de que me lembro : acontecer = sinabar ; vocês = sangué ;Virgem Maria = Tamara; velho = puré ;Vergonha = lacha ; Menino = chabal ; Mulher= Gachi ; Amar- camelar.

Talvez agora percebam de onde vêm os chavalos, as gajas e os camelos. Família pensem na nossa gata, quanto à equipa de Jerez não sei se perceberam, mas somos loucas por ir às compras na Virgem Maria...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sonhos e pesadelos de Tim Burton


Adoro o Tim Burton, ninguém tem cenários nem figurinos como ele ... Vi Sweeney Todd, numa versão estranhíssima, cantada em inglês com legendas em espanhol e falada em espanhol... Imaginem o que é o Johny Depp em coro sublime com a Helen Bonham Carter num inglês perfeito e depois sairem-se com a voz do Doraemon em diálogos do tipo :"Cariño, tranquilizate mi vida"... E reconheço que começo a ter excelentes aptidões linguísticas, porque ouvir uma língua e ler outra que não é a nossa e processar tudo em português é duro! Quanto ao filme deu-me direito a ter pesadelos com ser degolada, dada a brutilidade do filme... E fica a sensação de dor quando Miss Lovett tranca Toby no forno sem que se esperasse, a traição é sempre dolorosa... Passaram 18 anos desde Eduardo, Mãos de Tesoura, Johny Depp volta com objectos cortantes na mão, de olhar vazio e desta vez com más intenções. Prefiro ter sonhos de Tim Burton com pérolas como "Big Fish".Quanto ao restante aconselho aos fãs deste género que vejam uma curta-metragem portuguesa " O Hotel da sorte"....

domingo, 17 de fevereiro de 2008

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Maçãs

Hoje enquanto procurava a casa onde nasceu Lola Flores, no bairro de San Miguel, comecei a achar estranho que havia muitas ruas com o nome Manzana... Até que me explicaram que antigamente os bairros estavam divididos em bocados de Maçã , como a "Big Apple", recentemente as ruas já têm nomes, mas pareceu-me interessante o facto de antigamente se dizer eu vivo na quarta maçã... Não encontrei a casa da Lola, mas a da Paquera e de Don Antonio Chacón.
PS: O quadro é do Warhol

Vento de Levante




Lembram-se do filme Chocolate? Sempre que soprava o vento de Levante, esse estranho vento que alegadamente fazia mal às pessoas, Juliette Binoche e a sua filha tinham de mudar de terra. Era um apelo ao qual não podiam resistir... Nunca tinha sentido os efeitos do vento de Levante, mas a verdade é que há uns dia que não pára de soprar. As pessoas estão mais irritadas e aqui acusam o Levante deste estranho comportamento. A verdade é que a quantidade de papeís e laranjas espalhados pelo chão, o pó a entrar nos olhos, a pôr os cabelos em pé e a provocar espirros a cada dois passos não ajuda ao bom humor. Inclusive a luz que aqui é sempre tão laranja, muito diferente da nossa luz cor de prata é estranha, há muitas nuvens no céu e às vezes o sol rompe em raios tão brancos que ferem os olhos, aqui chamam-lhe o sol dos ciganos. Hoje fui ver o Cristo de la Expiración, o dos ciganos, saiu um desses raios brancos, eu como sou lusitana, atraio a luz ..

Primeira lesão


Não costumo ter grandes lesões e as que tenho como dizia a minha bisavó "deito-me em cima delas e espero que passem". Mas depois de duas amigas terem graves lesões nos joelhos, provocados pelo flamenco ficando mesmo uma impossibilitada de dançar estava um bocado paranóica. Outra das de toda a vida sempre foram os pés, dái odiar desportos de neve, contrariando a tendência familiar por pensar que me vou partir toda. Mas estou com a minha primeira lesão andaluza e num braço! A dançar uma soleá com muito corpo e muito sentimento mandei um músculo do braço para um sítio onde não devia estar... Para além do braço mutante, sinto-me impotente... Três dias de repouso, ainda por cima no braço direito !!!!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Eles andam aí ...

Não sei se foi por ser o dia oficial das pirosadas, ursos de peluche, flores, bombons e o dia obrigatório para que as pessoas dizerem que gostam umas das outras (quando isso devia ser todos os dias), mas hoje vi os primeiros homossexuais andaluzes, ou melhor reparei neles! Estava eu no supermercado em frente a casa quando o vi às compras. Cabelo negro, encaracolado a dar-lhe pelos ombros vestido com roupa das lojas para ajudar as crianças da Guatemala em azul forte e a comprar produtos light (ou LÁI como eles dizem) , pernas curtas e um ar anafado, deu duas palmadas na rapariga da caixa e disse "aquela vaca (eles são muito dado ao animal) não pára de olhar para mim", referia-se ao segurança de dois metros do DIA. Quando não é o meu espanto saem os dois de mão dada, tinha acabado o turno e iam para casa....
Mais tarde fui tomar o cafézito com leite, lá por estarmos longe não significa que não continuemos com o vicío do café, aqui é servido a ferver daí o facto de eu ter demorado quase 15 minutos para tomá-lo enquanto o empregado cheio de rimel e gel no cabelo, trocou várias conversas com ex-namorados, pretendentes e afins... Não consegui deixar de rir quando disse a um "Vais sair com essa, chocho, mas essa é uma porca (eu disse que eram dados à animalada)"... Os andaluzes já são dramáticos a falar, mas gays são fabulosos... Um grande olé para o meu descobrimento dos gays andaluzes que pensei não existirem e que me animaram muito o dia ... E para recordar deixo-vos uma cena de Almodovar para partilhar http://www.youtube.com/watch?v=Lij2k5_x0mg

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Só na Andaluzia..

Há coisas que só podem acontecer na Andaluzia... Nunca na vida pensei eu chegar ao meu local de trabalho, cruzar-me com o meu chefe nas escadas e que ele me convide a mim e a outro colega a tomar uma cerveja (eu fiquei-me pelo "manchadito") enquanto discutimos os nossos "bailaores" favoritos. Dissertamos sobre palos, bailaores, críticos, músicos e esse mundo do flamenco ao qual queiramos ou não, pertencemos.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

"Viana é amor "

Devido aos meus pais serem muito jovens tive a oportunidade de conhecer os meus quatro avós e ainda três dos meus bisavós. Como venho de uma família afortunada em vários sentidos, eu e a minha irmã tivemos ainda a sorte de ter seis avós, dado que os avós dos nossos primos nos adoptaram... Passaram a ser os nossos avós de Viana. Nos últimos anos tivemos de nos despedir de quatro dessas pessoas, a última delas hoje... Mas a idade ensina-nos que enquanto as pessoas vivem nas nossas memórias e condicionem as nossas vivências nunca se haverão despedido realmente de nós... Faço por me recordar de cada uma delas, outras vezes são elas que aparecem associadas às minhas recordações, sem que faça por lembrar-me. Se pudesse escolher faria com que parasse de crescer para não ter esta vivência, mas não quero lutar contra as inevitabilidades e prefiro apenas lembrar-me de que "Viana é amor".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Aeroporto e literatura

A melhor capacidade que adquiri foi a de aprender a ler, sempre me fascinou o facto da junção das letras formar um código secreto que nos permite obter milhares de informações e também sonhar. Nas quase 4 horas de seca que apanhei no aeroporto de Barajas li a última novela de Mário Vargas Llosa "Travesuras de una niña mala", 375 páginas em suspense... Adorei o livro, mas no fim pensei que exactamente este tipo de história temos noutra época e com tramas mais ou menos rebuscadas em "Amor em tempos de cólera" de Gabriel Garcia Márquez e também em "Catarina, ou o sabor da maçã" de António Alçada Baptista... São sempre mulheres fortes que desprezam e espezinham o amor de homens que por elas nutrem uma profunda devoção, por acasos do destino acabam doentes ou indefesas a cair nos braços deles. Conselho de amigo : quando viajar leve um livro e uma série de moedas (as bebidas e os chocolates são mais baratos nas máquinas do que nos restaurantes e não têm fila)...

Viagem relâmpago

Sei que alguns de vocês ficarão cabeçudos, mas é verdade, fui a casa! Não tive tempo de ver quase ninguém, nem de comunicar que ia e seria impossível fazer mais alguma coisa, apertaram-me os dentes, tive dois jantares com a família, um lanchinho com os amigos e pouco mais. Vi o mar e o rio de relance mas foi o suficiente para me encher desse sentimento português: saudade!!! Saudades: de estar em casa no quentinho; de me meter com minha irmã; de me rir com a minha família e as suas peculiaridades; de fazer festas na minha gata; de me rir com os meus amigos e as suas aventuras; de os abraçar nas suas desventuras e de falar português!!! De tomar um café, comer alheiras e esparregado, pão com manteiga, lanches, beber finos e outros prazeres do Porto ! É muito bom viver novas coisas, mas também é necessário não perder o norte, neste caso literalmente (que sou do norte, carago!) , dado estar quase 900 Klm a sul !

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um prodígio chamado Manuel

Hoje por fim conheci o Manuel! Nos bastidores do teatro Villamarta comecei a ouvir compás de buleria, uma roda de adultos todos de olhos postos no chão, primeiro não percebi até que da roda sai um pequeno palhacito todo pintalgado e reconheci-o imediatamente: Manuel, o menino do concurso de televisão! Por ser uma coincidência teve ainda uma importância maior.Passo a explicar, Manuel tem apenas cinco anos e chegou à final de um concurso de talentos na televisão, não só dança divinamente por buleria como toca cajón e ainda é engraçadíssimo a falar. Ao vivo é um pequeno vulcão sempre à procura do pai , não tem noção do valor que tem e é isso que faz dele ainda mais interessante... Para que percebam do que estou a falar vejam este pequeno vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=osleRISgN7k&feature=related

Flamenco por nacionalidades


Na Academia há pessoas de diversas nacionalidades e como tenho um estatuto especial pertenço a várias turmas e convivo com todos eles. Os espanhóis são os mais ariscos, os que mais em causa põe os professores e os que mais facilmente apanham as técnicas, mas nem sempre são os mais perfeitos, precisamente porque dão por garantido o êxito e porque são a maioria. Os alunos japoneses e chineses nunca fazem perguntas, mas são excelentes observadores repetem até à exaustão o que os professores marcam e em termos de apuramento técnico ao fim de umas horas são os mais "limpos" de todos. Os italianos são mandriões e riem-se de tudo até mesmo dos seus próprios erros, os franceses nunca interrompem mas quando não apanham os passos ficam como monos encostados a um canto... Os americanos páram a aula com perguntas completamente idiotas como : "Este dedo vai para cima ou para baixo?" quando ainda nem apanharam a coreografia, é uma questão de marketing... Os argentinos fazem sapateados muito rápidos mas a velocidade é a sua máxima aspiração, não importa se vai ou não a tempo. A única húngara que temos revolta-se cada cinco minutos consigo própria, mas também não incomoda, encolhe os ombros e volta a tentar... Quanto à portuguesa, a única existente, bati hoje em pés, um esquadrão de nipónicas e fiquei feliz, mas ainda me falta muito... Vou aprender a técnica delas... Como dizia Lino de Mingo :) "não tem truque é só trabalho"....

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Um presente

Déjame vivir Libre Como las palomas Que anidan en mi ventana Mi compañía Cada vez que tú te vas. Déjame vivir Libre Libre como el aire Me enseñaste a volar Y ahora Me cortas las alas. Y volver a ser yo mismo Y que tú vuelvas a ser tú Libre Libre como el aire Déjame vivir Libre Pero a mi manera Y volver a respirar De ese aire Que me vuelve a la vida Pero a mi manera. Y volver a ser yo mismo Y que tú vuelvas a ser tú Libre Pero a tu manera Y volver a ser yo mismo Y que tú vuelvas a ser tú Libre Libre como el aire
Porque este poema é lindíssimo, deixo-vos com estas palavras e com este vídeo

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Duas emocionantes noites de Não-Carnaval


Em Jerez de la Frontera as celebrações de Carnaval limitam-se a alguns desfiles durante o dia, não há multidões disfarçadas, feriados ou tolerância de ponto, não há serpentinas, nem confetis...O domingo gordo de Carnaval e a segunda-feira serviram para que visse em directo dois grandes acontecimentos: Carlos do Carmo recebeu um Goya (melhor música original) e Mário Moutinho o prémio Max de artes escénicas na categoria hispanoamericano de artes devido ao trabalho que realizou no FITEI. Os dois prémios vieram em directo na televisão em duas noites de não-Carnaval que me deixaram o ego nacionalista inchado, sobretudo devido ao FITEI... Porque infelizmente achei que o filme de Saura não passou de uma feira de vaidades de Carlos do Carmo e o seu clube de amigos... Parabéns ao Mário Moutinho e à sua equipa e o Rui Rio que abra bem os olhos...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Pôr o capacete na moda

Em Espanha o uso obrigatório de capacete é bastante recente, por isso continuam a existir uma série de adolescentes que circulam sem eles, exibindo as belas melenas... Mal sabem eles o bonitos que ficariam se tivessem um acidente sem capacete e mesmo com ele, os danos seriam imensos...Para contrariar esta tendência numa povoação perto de Sevilha lançaram uma lei inovadora. Quem for apanhado sem capacete e o comprar em seguida tem um desconto de 80% na multa... Ora não me parece nada mal, mas isto não significa que em seguida ponham os capacetes... Têm de pôr os capacetes na moda...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O artigo

Leio alguns artigos sobre o que se vai passando em Portugal e revolto-me... Antonio "el Pipa" vai dançar a Lisboa, uns dizem que "flamengo" (deve ser alguma promoção ao Limiano), outros dizem que o flamenco.... Ora dançar "o flamenco" é o mesmo como diziam os Gatos Fedorento que "fazer o amor", ou como dizem alguns emigrantes "ir para a França "...Enfim... contra factos não há argumentos...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

À mesa...

Os espanhoís têm uma maneira esquisita de se comportar à mesa... Ou comem com as mãos: as tapas, os pinchos, o "pescaíto frito" ou comem apenas com um garfo na mão direita, essa é uma das habilidades que eu não tenho... Outro dia uma criança perguntou-me se eu era canhota por comer com o garfo na mão esquerda... Antes de mandar um mexilhão, ou um solomillo na cara de quem se sente ao meu lado continuo a necessitar uma faca e um garfo. Nunca tive grandes aptidões neste tipo de motricidade, nem pauzinhos chineses, nem garfos, nem mãos, necessito de todos os talheres....

"Are you flirting me ?"

Dia de cao, sinto o cansaço nas pernas, nos pés, nos rins e na cabeça... Liguei a tv com o intuito de me adormecer os sentidos e porque sinto a falta de escrever com muito ruído... BING BANG, da TVE2 salta-me a Juliette Lewis com a sua banda... Uma das heroínas da minha adolescência... Adorava a voz rouca dela, a figura magra, a cara estranha com os olhos muito verdes e adorava o personagem Mallory Knox que desempenhou no filme "Assassinos Natos" que tinha o Tarantino como guionista (continuo a defender que ele é melhor neste papel do que como realizador). Sabia as falas deste filme todas, tal como adorava a banda sonora, que tinha entre outras, as fabulosas L7... Isto levou-me a uma viagem pela minha adolescência de punk rock e ouvi o triângulo das divindades : L7 ;Hole e Babes in Toyland... (Dica: Há bons videos no you tube) Antes que os ouvidos vizinhos, educados a flamenco entrassem em histeria e me partissem a cabeça a compás, pûs-me a ouvir Pixies... E cantei um bocado mais baixinho... A Juliette está mais velha e eu também... agora ñ canto os meus lamentos, danço os dos outros...
PS: Saudades de usar Doc Martens, ter cabelo azul e rosa e de ter uma banda! EVIL PICKLE 4 EVER