sábado, 3 de maio de 2008
A dureza do pragmatismo
Tive um grande desgosto. Antes de ontem os meus mini amigos vieram-me bater à porta, completamente ofegantes "tens de descer depressa, há uns gatinhos novos na rua, RÁAAAAPIDO"! Como responsável máxima da alimentação dos gatos desta rua, transferida durante a minha ausência para os pequenitos tive de aceder imediatamente ao pedido de ajuda. Três gatinhos (ainda com cordão umbilical) tinham acabado de nascer e a mãe abandonou-os. Primeiro pensei que a mãe se tivesse ausentado para comer, comportamento que me pareceu muito estranho. Ao ver os gatitos metidos numa obra consegui aceder apenas a um que não parava de miar muito alto. Numa acção de veterinária improvisada conseguimos alimentá-lo com um conta-gotas com leite retirado de uma garrafa. Como começou a ficar cheio de areia, peguei nele com a mão em concha e adormeceu na minha mão perante a excitação dos quatro olhos que esperavam que eu tivesse a solução de tudo. Com a esperança de que a mãe voltasse, pensando que apenas não o fazia porque tinha medo de tanta gente, entrei com a ajuda dos vizinhos na obra, para juntar todos os gatitos. Percebi que os outros irmãos estavam mortos. Acondicionei o pequeno dentro de uma caminha improvisada e ausentamo-nos para que a mãe o pudesse vir buscar. No parque onde estão todos os gatos, tudo parecia normal, com o "nosso gato" Ombros e o seu gang a tomarem banhos de sol . Quando voltamos o gatito estava caído no meio da estrada, voltei a pegar nele, aconchegou-se na minha mão e fiz-lhe uma espécie de cama para que pudesse meter-se dentro. Morreu passado um bocado. A mãe tinha-os deixado para trás porque sabia que não ia sobreviver. Para os pequenitos o gato está sempre a dormir, ainda que tenham a sabedoria de não voltar a perguntar por ele. Entre o pragmatismo da mãe gata e a minha impotência, fiquei anestesiada.
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1 comentário:
Credo...... que historia triste...
Uma vez tambem salvei um que a mãe tinha abandonado e alguem tinha atirado para uma area técnica vedada sem acesso de pessoas. Esfolei-me toda e graças aos meus braços finos consegui tira-lo de la. Mas no meu caso acabou bem, encontrei dona para o gatinho e ele conseguiu arrebitar depois de ser alimentado com seringa.
Fizeste-me lembrar esta historia porque eu tambem tinha uns olhitos ansiosos à espera que eu resolvesse o problema... os da minha sobrinha:-)))
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